Para os desinformados de plantão, o MEC (Ministério da Educação e Cultura) nas últimas semanas distribuiu em várias escolas mais de 2 milhões de cartilhas educativas desrespeitando a norma culta da língua portuguesa, trazendo com consigo após inúmeros debates e polêmicas a justificativa de que: "É importante saber o seguinte: as duas variantes (norma culta e popular) são eficientes como meios de comunicação. A classe dominante utiliza a norma culta principalmente por ter maior acesso à escolaridade e por seu uso ser um sinal de prestígio. Nesse sentido, é comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros".
Certo, eis a questão: Como escrever ou dialogar de forma incorreta é uma meio eficiente de comunicação? Pois até onde me foi possível aprender, a língua portuguesa mesmo em sua forma culta abre um grande leque para diferentes interpretações, imagine em sua variante popular. Mas certamente não se deve ignorar esta última, ou descriminar qualquer individuo que a utilize, mas incentivar nossos jovens estudantes a utilizá-la também não é uma boa opção, principalmente em um país como o nosso, onde a gramática é uma deficiência onipresente.
E, por favor, desde quando falar corretamente virou apenas uma característica da alta burguesia, passando de padrão de qualidade na educação e inserção social a um show exibicionista de “eu estudei em escola particular e você não”.
No entanto a ignorância não acaba por ai, segundo o MEC, o livro está em acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) - normas a serem seguidas por todas as escolas e livros didáticos, que afirma que: “A escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma ‘certa’ de falar, a que parece com a escrita; e o de que a escrita é o espelho da fala”
Não o bastante temos mais um argumento fraco, onde é claro que apesar dos vários dialetos existe sim uma forma correta de falar, não é porque se abre certas exceções para o uso da informalidade que ela deve ser utilizada de maneira errônea. Como:
“A gente vai sair” – adequado.
“A gente vamos sair” – inadequado.
Observe que até para falar errado é preciso obedecer algumas regras de concordância. E logicamente uma boa escrita tem reflexos na fala. Que jornalista, escritor, ou até mesmo um bom aluno em redação diz: “Nós pega o peixe”. Além disso, as músicas, os professores, os livros, os programas televisivos, tudo interfere direitamente como um individuo se expressa, e negar tal fator é estar de olhos fechados para a sua própria vida.
Aliás, obrigado MEC pela justificativa simplória, finalmente foi possível compreender o porquê dos políticos serem tão desrespeitosos com o dinheiro público (através do roubo, do desvio, da extorsão, da sonegação de impostos), com certeza eles não têm nenhum tipo de preconceito quanto aos intermináveis bandidos, ou se preferir ladrões, espalhados pelas cadeias de todo o Brasil. Além disso, é melhor tirá-los de lá Presidente Dilma, pois desta maneira a Sra. esta criando um apartheid social e ideológico.
Por fim, logo que o certo e o errado forem comumente difundidos de tal modo, brevemente não haverá mais sentido haver a escola, pelos menos não com os mesmos valores que esta supostamente compreende. E ainda se isto não ocorrer, aguardem por um novo acordo ortográfico, mas não se preocupem o Lula irá ajudar a reescrevê-lo dessa vez.
Não esquecendo que, estudantes de todo o Brasil, se algum dia seus professores lhes corrigem por falar “Posso ir no banheiro?”, denunciem, vocês podem está sendo vitimas de preconceito – justificativa do MEC.